segunda-feira, 16 de março de 2009

Bullying - violência em contexto escolar


Agridem os colegas da escola, humilham-nos em público e exercem chantagem psicológica e emocional.

Será que se trata de brincadeiras de crianças e próprias da idade?

Para a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos, estes comportamentos apontam para algo que está errado.

"O humano é um ser gregário, por isso, há que avaliar as situações em que a relação com o outro se encontra marcada por um carácter agressivo."
Introduzido nos países escandinavos, no início da década de 80, o termo inglês "bullying" tem sido alvo de estudo nos últimos anos.

O conceito define "comportamentos de natureza agressiva, entre pares, com a intenção de provocar dano", diz Sónia Seixas, doutorada em Psicologia e autora de uma tese sobre bullying em contexto escolar.
A psicóloga indica, porém, que, embora este fenómeno tenha ganho eco nos últimos anos, o comportamento em si não é novo. "Há, agora, um olhar mais atento e direccionado para estas práticas", explica.

Ana Vasconcelos defende, ainda, que "sempre houve brigas entre miúdos". Mas, no caso do bullying, a violência não é pontual. "Estes comportamentos repetem-se no tempo", adianta a pedopsiquiatra.
E o que está na base desta violência gratuita?

"Há alturas em que a criança, para se sentir segura, precisa de mostrar aos outros que é mais forte", afiança Ana Vasconcelos.

E completa: "O bullying pode ser encarado como uma forma de exorcizar os medos."

Para garantir a conquista pelo poder, "os agressores vão detectando as suas vítimas nos recreios da escola".

O bullying baseia-se, por isso, numa luta desigual: há uma vítima e um agressor (também conhecido por bully). Segundo a pedopsiquiatra, as vítimas são, normalmente, "miúdos emocionalmente retraídos e com menos capacidades para encontrarem soluções ou fazerem queixa".
A psicóloga Sónia Seixas diz que nestes comportamentos "está implícita uma desigualdade de estatuto e de poder entre os alunos envolvidos". E, no contexto escolar, todos os motivos são válidos para colocar a vítima numa situação de inferioridade.

"O agressor exerce a sua supremacia através da força física, pelo facto de ser mais velho, de ter mais popularidade na escola e de ter um grupo de pares mais alargado. Contrariamente à vítima, que, regra geral, é um aluno mais negligenciado, mais rejeitado e com menos amigos que o defendam."

Aproveitando as fraquezas da vítima, o bully vai "minando a auto-estima e auto-confiança dos seus alvos". Cada vez mais impotentes, face às recorrentes agressões e humilhações, as vítimas vão-se "sentindo impotentes e sem capacidade de reacção", diz Ana Vasconcelos. "É no silêncio dos recreios barulhentos que têm lugar os comportamentos de bullying", reitera a pedopsiquiatra. E assegura que estas situações, por serem confundidas como diversão infantil, podem-se tornar quase invisíveis aos olhos dos adultos.
"O bullying às vezes está mascarado, porque, tendencialmente, ocorre em locais de pouca supervisão e vigilância dos adultos", corrobora Sónia Seixas. Há, também, casos em que a violência é exercida é confundida com brincadeiras de criança. De acordo com a psicóloga, urge desmistificar a falsa crença de que troçar e insultar faz parte do crescimento dos miúdos.

"Esta é uma ideia errada. Um dos motores de desenvolvimento da criança é o conflito. E este não pode ser ultrapassado com comportamentos de bullying. Não é normal que uma criança seja sistematicamente humilhada na escola, a ponto de lhe causar traumatismos psicológicos."

Pequenos e terríveis
Haverá uma verdadeira motivação para comportamentos de bullying?

"Os miúdos agressores têm uma auto-estima elevada e uma grande confiança em si próprios", responde Sónia Seixas.

A psicóloga refere, no entanto, que "a auto-imagem do bully é alimentada pelo sofrimento e domínio que exercem sobre os colegas".
Por encontrarem a vítima numa situação de vulnerabilidade e com uma rede social menos alargada, o bully agride o colega, insulta-o e a vítima não reage. E a partir deste momento torna-se um alvo fácil". Como a vítima se fecha em si própria e não se queixa - por ter vergonha e pelo medo de retaliação" - as agressões vão sucedendo no tempo.

O facto de a vítima ser frequentemente colocada numa situação de embaraço e de chacota pública perante os colegas, vai contribuir para "aumentar os seus níveis de insegurança, tristeza e depressão".
Segundo Sónia Seixas, para combater estas situações, "é preciso estar atento aos sinais de alerta".

A psicóloga diz que cabe aos pais e à comunidade escolar um papel mais interventivo nestas questões. A pedopsiquiatra Ana Vasconcelos partilha da mesma opinião, alertando para a necessidade de chamar os adultos à responsabilidade, já que as vítimas, por acharem que não vale a pena pedir ajuda, se encontram impotentes para encarar a situação.
"Os professores e os pais encontram-se numa situação privilegiada. Se as crianças chegam quase todos dias a casa com arranhões, com roupa rasgada, estes podem ser indícios de que estão a ser alvo de bullying por parte dos colegas na escola", observa Sónia Seixas. E salienta: "Ao notarem que a criança apresenta dificuldades em dormir, pesadelos e fobias escolares graves, os pais devem tentar perceber o que origina estes medos. Porque certos comportamentos ou reacções podem encapotar situações graves de agressividade por parte dos colegas."

Linha S.O.S bullying

808 968 888 é o número de telefone através do qual as vítimas de bullying podem solicitar ajuda. Com um horário de funcionamento entre as 18 e as 20h, a linha orienta as vítimas, via telefone, encaminhando-as para o profissional mais habilitado a intervir na situação.


Deixo-vos com este artigo,de um tema que me interessa bastante também!
Mais adiante em novo post,falarei de mais coisas acerca deste tema!
Beijinhos e uma boa noite
✿fifi✿

19 comentários:

  1. Eu assumo-me como um Bully, fui-o em criança e em adolescente. Julgo que este problema é visto pelo ponto de vista errado. Bem, o ponto de vista dos psicólogos não é errado é simplesmente limitado e por ser limitado sempre fui deixado em paz.

    Nos meus tempos de escola, existiam os Bully físicos, que precisavam de provar a sua forca física para se sentirem "aceites", para eles, serem temidos é uma forma de aceitação. Regra geral os Bullys, são alunos com más notas e regra geral existe um Bully maior que eles.

    O que é que isto quer dizer? Quer dizer que eu, sem físico para enfrentar muita gente as dominava. Em vez de agressão física usava de agressão mental, aprendi como era fácil de o fazer muito cedo. Podiam ser crianças inseguras, ou mais violento dos Bullys, funcionários das escolas e até professores, sentia uma facilidade imensa em moldar opiniões e fazer com que a pessoa se sinta intimidada sem haver agressividade visível, tornando o acto aparentemente inocente.

    Não acho que a psicologia busque por estes casos. São ignorados como ainda hoje é ignorada a violência doméstica emocional que é capaz de causar danos piores do que a violência doméstica física.

    Fui uma criança aparentemente exemplar, mas com um lado obscuro que sentia necessidade de dominar os outros e de sentir poderosa. Mais tarde ao dar aulas, de maneira a resolver problemas com abusos físicos de Bullys, procurava a mente que os organiza, pois regra geral, existe uma criança mais dominadora que esses Bully respeitam e seguem.

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  2. Muito importante falar sobre esse tema aqui. E, Bruno, corajoso de sua parte assumir suas ações em outros tempos. Realmente, sua visão tem muita coerência, mas acredito que o que acontece não é desconhecimento dessas questões... é que, em geral, o "chefão", o que usa muito mais a pressão emocional do que física, se esconde com mais facilidade, dificultando as "provas" que o incriminam... daí muitos pais, professores, psicólogos, não conseguirem "visualizar" e punir esses comportamentos.
    Mas acredito que isto vem mudando aos poucos, assim como nos casos de violências domésticas psicológicas.
    Abraço aos dois.

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  3. Blog fantástico... aki tem temas bastante interessantes... Como profissional da área social, temas como bullying, discriminação racial, sexual... são temas k me interessam mto... além disso, tb tenho um fascinio pela psicopatologia e gerontologia.
    Parabéns!

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  4. Por acaso é um tema pretinente, e que cada vez preocupa mais não só as crianças vitimas de bulling como aquelas que assistem a estes actos...eu sou veluntária numa num grupo de teatro universitário da comunidade da luta contra a sida e fazemos intervenções nas escolas através de teatro, e um dos temas que nos tem sido pedido para abordarmos ultimamente pelos alunos é precisamente o bulling...por acaso não tinha noção da preocupação que apresentavam relativamente ao assunto e da necessidae que têm em compreender como devem actuar quando presenciam situações de bulling nas escolas, muito interssante sem duvida.

    ;)

    Pandora 2009

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  5. Adorei ler este artigo. Como refere a temática aqui abordada é do seu interesse. Encontro-me neste moment a realizar a minha tese de mestrado e o tema que me encontro a investigar é o bullying prisional,bullying em contexto muito específico, onde é observado várias tipologias de bullying (física, verbal, sexual, psicológica, coerciva) de uma forma mais evidenciada. EStou bastante aflita com este tema, uma vez que pesar de preocupante há pouca literatura sobre. O que eu queria pedir, e caso fosse possível, seria uma partilha de material que tenha sobre a temática, bem como se quiser eu poderei enviar mterial, caso lhe interesse. Desculpe esta invasão, mas realmente a necessidade de desenrasque é maior =) Ju

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  6. Gostei do blogue;)

    bom fim de semana

    bj

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  7. Bom ressaltar que bullying não ocorre somente com crianças e adolescentes. Muitos adultos sofrem bastante e em silêncio. Hj sou vítima de bullying no curso de mestrado de uma universidade federal pela turma liderada por uma senhora (isso mesmo uma senhora) de quase 50 anos que tem uma filha quase da minha idade. Essa senhora é aluna de doutorado e usa meus colegas pra fazer fofoca, desrespeitar e rir da minha cara, principalmente quando eu estou perto. Na sala de aula e intervalos reúne o grupo pra me excluir, pelo simples fato de eu ser tímida e falar pouco. Fizeram festa e não me convidaram. Trocam material de estudo e nunca tenho acesso. Na adolescência, sofri bullying das primas e alguns vizinhos, mas nunca sofri na escola. Eu era calada e poucos aproximavam, mas nunca fui desrespeitada, tinha amigos e ia a festas. Porém na faculdade houve casos esparsos e por incrível que pareça é no mestrado onde mais sou agredida. É um sofrimento psíquico intenso, não aguento mais chorar quase todos os dias e sair de casa com medo das pessoas. Ja tive vontade ate de matar e me suicidar, mas lógico que nunca faria isso. Minha vida está se esvaindo.

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  8. Isso da professora é muito grave...
    Não haverá certo medo dos adultos(responsáveis) também neste caso.
    Há muitos pais que sabem dos filhos bully e :X:X:X nada!

    enfim

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  9. o bulling psicologico atinge a auto estima de uma pessoa de forma tão agressiva q o destroi por dentro, fazendo com q a vitima até concorde com os seus agressores de tanto ouvir.você ñ se sente mais ofendido com oa outros mais sim magoado consigo pelo q vc é,o q dói mais e nos determina negativamente.dói muito

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. o bulling é uma atitude desumana,
    quem pratica o bulling sao ipocritas
    e só fazem isso porque tem um certo`PUBLICO`para assistir!

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  12. Estou FAZENDO UMTRABALHO SOBRE O BULLIYNG ,
    Trata-se de uma postura anticonstitucional dos agressores ou bullies, em relaçao a vitima.

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  13. eu fiz isso hoje e nao foi por mal mais espero que entendam que foi apenas inssuto pois assim que falam as pessoas que nao passam por isso eu vou fazer uma palestra semana que vem!!!!!obrigado por me ajudarem com esse assunto!!!!

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  14. eu adoro bullying eu pratico

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  15. VC É UM DOENTE PSICOPATA !!!! VC É SIMPLESMENTE NA-DA.

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  16. Existe BULLYING porque não se presta atenção nas pessoas , no humano . Os pais precisam observar e estarem atentos aos filhos , precisam corrigir os distúrbios de comportamento e não acobertarem o mau com o intuito de protegê-los , precisam entender , conhecer seus filhos . A escola precisa deixar de se preocupar somente com o material didático e se voltar para a educação . Professores com distúrbios de comportamento podem agir como educadores ? Por que os fatos acontecem na escola e os professores não percebem ? É cômodo ficar alheio ao sofrimento e a degradação ? Quem se volta nos dias de hoje para a dignidade humana ? Tiraram das escolas a disciplina: Educação Moral e Cívica , ensinar a ser cidadão está fora de moda ?

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  17. acho que deveriam fazer uma lei mas rigida pra quem comete o bulling pois como diz oditado (Naõ faça com os outros o que não quer que faça com voce)

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