sexta-feira, 6 de março de 2009

Síndrome de Fadiga Crónica ligada a traumas na infância


"Adultos que tenham sofrido traumas emocionais na infância parecem ser mais sujeitos a desenvolver Síndrome de Fadiga Crónica (SFC), indica um estudo publicado na revista norte-americana Archives of General Psychiatry. "O stress (na infância) combinado com outros factores de risco desencadeia provavelmente a Síndrome de Fadiga Crónica devido aos seus efeitos nos sistemas neuro-endócrino, nervoso central e imunitário", escrevem os autores do trabalho.

Mas como nem todas as pessoas submetidas a situações stressantes na infância desenvolvem esta síndrome na idade adulta, torna-se necessário compreender as diferenças na vulnerabilidade aos efeitos do stress, segundo os investigadores, entre os quais Christine Heim, da Faculdade de Medicina Emory, em Atlanta (Geórgia)

Nesse sentido, foram estudados 113 pacientes com fadiga crónica e 124 indivíduos saudáveis que serviram de grupo de controlo. Os participantes foram seleccionados entre 19.381 adultos que foram vítimas de traumatismos físicos, emocionais ou de negligência na infância. Foram submetidos a exames para saber se sofriam de depressão, ansiedade ou stress pós-traumático, e a análises para avaliar o nível da hormona cortisol na saliva.


Um baixo nível desta hormona, um córtico-esteróide segregado pelo córtex da glândula supra-renal, indicaria uma baixa da actividade do principal sistema neuro-endócrino de resposta ao stress.

Os investigadores determinaram que os traumatismos sofridos na infância estão associados a um aumento de 600 por cento do risco de desenvolveram síndrome de fadiga crónica. Concluíram também que os abusos sexuais e emocionais e o facto de terem sido vítimas de negligência na infância estão todos ligados às SFC.

Os pacientes do grupo estudado revelaram estar mais sujeitos a depressão, ansiedade e stress pós-traumático que os do grupo de controlo, e os seus níveis de cortisol eram mais baixos do que os deste grupo. "Os resultados deste estudo são essenciais para guiar as investigações tendentes a determinar alvos de tratamento para prevenir a Síndrome de Fadiga Crónica", consideram os autores.

A SFC é uma doença rara de causa desconhecida que pode afectar entre 75 e 260 pessoas por 100.000 habitantes, consoante os países, calculando-se que possam existir cerca de 15 mil doentes em Portugal, segundo dados da Myos - Associação Nacional contra a Fibromialgia e a Síndrome de Fadiga Crónica.

Envolve um conjunto bastante complexo de sintomas, sendo predominante um cansaço intenso que se pode tornar incapacitante em mais de metade dos doentes. Incide três vezes mais em mulheres do que homens e surge em todas as idades, embora seja predominantemente entre os 25 e os 45 anos." (in Ciência Hoje)

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